sexta-feira, maio 20, 2005

AS OPÇÕES DE PESEIRO 

Os sportinguistas andam loucos de colocar Peseiro no espeto, depois de 2 "finais" perdidas no espaço de 5 dias. Nem Peseiro é uma porcaria nem um iluminado da cátedra. É um bom treinador, jovem e com futuro promissor, assim lhe dêem tempo e condições para singrar. A verdade é que colocou a equipa de Alvalade a praticar bom futebol - dos melhores em Portugal -, com o senão de não ter primado pela regularidade. As opções tomadas em alguns jogos foram controversas, mas quem é o treinador que toma sempre decisões consensuais?
Três jogos decidiram a época. A Taça de Portugal foi "perdida" em casa do rival Benfica, num jogo para recordar, em que os penalties decidiram um encontro em que os leões estiveram quase sempre por cima do adversário, faltando a pontinha de felicidade na recta final do prolongamento.
O jogo de sábado passado foi complexo. Há quem diga que o Sporting abdicou do seu futebol característico, apostando mais na contenção. É correcta essa afirmação, mas também é certo que na 2ª parte o técnico leonino alargou a frente de ataque e apostou em ganhar o jogo. Curiosamente, ou talvez não, foi nessa altura que o Benfica - quase no último fôlego de uma exibição esforçada - chega ao golo, num lance em que Ricardo não estará isento de culpas. Talvez o maior crime seja o facto de tanto ele como Douala não saberem que a derrota tinha sido decisiva para a perda do ceptro de campeão.
Finalmente, a final da Taça UEFA. Aqui, claramente teve opções menos correctas - não sou capaz de dizer que foram erradas, porque o futebol é tão carregado de subjectividade. Colocar Enakharire, sem ritmo de jogo para uma equipa que joga em contra-ataque, e Rogério num lugar em que não está rotinado - apesar do grande golo que marcou -, deixando de fora Custódio, que é um médio de marcação capaz de segurar Daniel Carvalho, foram soluções arriscadas. Mas talvez a maior falha tenha estado no início do 2º período, ao entrar em campo como se tivesse de correr atrás do resultado. O Sporting estava a vencer, e não precisava de marcar mais golos; deveria ter esperado que o CSKA assumisse as despesas do encontro - e logo uma equipa que não está talhada para esse tipo de jogo - e colocado Douala para abrir brechas numa defesa muito macia em jogo pela relva. Peseiro "preferiu" tirar partido do factor casa e continuar a encostar o adversário que, por sua vez, qual predador, esperou pelo momento certo para a estocada final.
Dito isto, parece-me que o Sporting tem uma estrutura sólida e com futuro, e um corpo técnico capaz de levar o clube a novas conquistas durante os próximos anos. A solução até estará encontrada, assim queira a SAD manter a estabilidade...

CLÁUSULA DA DISCÓRDIA 

Antchouet, jogador do Belenenses, pediu ajuda ao Sindicato de Jogadores devido à cláusula de opção existente no contrato. Após consulta ao dito Sindicato, o mesmo considera a cláusula sem validade jurídica, o que está a abrir uma "guerra" com o clube, que contrapõe afirmando que essa se enquadra no CCT (Contrato Colectivo de Trabalho). Caso o jogador tenha razão neste caso, duas questões ficam em aberto:
1- Ou clube foi de um amadorismo puro;
2- Ou todos os clubes em Portugal andam a praticar cláusulas sem valor algum.

A SELECÇÃO DE SCOLARI 

Scolari continua a não agradar totalmente nas suas escolhas. Convocou Alex (que tem feito uma boa época), Quaresma (acaba a temporada em forma) e apadrinha ainda o regresso de Figo. Mas também chama Ricardo Costa (o que tem jogado?), Nuno Valente ou mesmo Jorge Ribeiro, deixando de fora, p.e., Pelé, Nunes e Miguelito, que têm feito uma excelente temporada ao serviço dos seus clubes.

quarta-feira, maio 18, 2005

COMO SE ESCREVE FRIEZA EM RUSSO? 

A festa em Alvalade foi russa
O Sporting acaba de perder a final da Taça UEFA em pleno Alvalade XXI, e Portugal não consegue conquistar três competições europeias seguidas. Quem assistiu aos primeiros 50 minutos de jogo não esperaria tal desfecho, mas a verdade é que a equipa de Peseiro deixou-se embalar pelo futebol russo, frio e calculista.
Na primeira parte o futebol jogado não foi de grande qualidade, mas sim praticamente de sentido único, com o Sporting a jogar em casa e assumir as despesas do jogo, perante um CSKA encolhido e incapaz de utilizar a sua principal arma - o contra ataque. Assim, aos 28' Rogério assina o mais belo momento do Sporting e talvez do jogo, com um remate de fora da área, em arco e sem hipóteses de defesa para Akinfeev. Alvalade fervia de emoções e os milhares de sportinguistas presentes acreditavam que a taça UEFA iria decerto ficar em Portugal.
Rogério remata para o golo sportinguista
A partir do golo, o CSKA libertou um pouco as amarras e o seu contra-ataque começou a aparecer, com os brasileiros Daniel Carvalho e Wagner Love em destaque. Nos últimos momentos do primeiro tempo, Love tem uma oportunidade flagrante para empatar o encontro, o que seria injusto face ao desenrolar dos acontecimentos.
A segunda parte chegou e com ela começou o descalabro leonino. A partir dos 50', o CSKA passou a acertar muito mais o seu futebol e o Sporting não aproveitava os lances de perigo que ia criando. Aos 56' num livre descaído para o direito do ataque moscovita, a bola é cruzada para a área onde A. Berezutski cabeceia para a baliza leonina e empatando a partida, num lance onde me parece que Ricardo reage tardiamente.
Berezutski cabeceia para o empate
O Sporting tremeu com o golo sofrido mas continuou a mandar no jogo, enquanto os russos mantinham-se na expectativa. Aos 65' uma reposição de bola longa por parte de Ricardo foi cortada a meio campo, rapidamente endossada para Daniel Carvalho, que assiste Zhirkov para assinar o segundo golo do CSKA, perante a passividade da defesa leonina.
Zhirkov consuma a reviravolta no resultadoEstavam os russos em vantagem e Alvalade via a Taça UEFA a tirar bilhete para Moscovo. Os minutos seguintes foram controlados pelos russos, que em rápidas contra-ofensivas, iam causando mais calafrios ao último reduto leonino. Só aos 70' o Sporting volta a controlar o jogo e a acreditar que jogando em casa tinha obrigação de ganhar a partida. Peseiro mexe na equipa tirando o lutador Sá Pinto para a entrada de Niculae.
Aos 73' chega o momento do jogo. Moutinho remata com perigo, o guarda redes russo defende com dificuldade, Tello recupera a bola e remata para a baliza - sim, porque aquilo não foi um passe, que era o mais indicado na situação - e Rogério, a um metro da linha de golo, consegue acertar no poste, vendo a bola a rolar pela linha de golo e parar nas mãos de Akinfeev.
o momento do jogoOs jogadores leoninos pareciam incrédulos e enquanto isso, já a bola era rapidamente colocada no flanco direito do ataque moscovita, onde o jogador russo consegue ganhar o lance sobre um demasiadamente macio Enakarhire e cruzar para área onde Wagner Love se antecipa a Ricardo - mais uma vez parece fazer-se muito mal ao lance - fazendo o terceiro golo e praticamente sentenciando a derrota leonina. Se há crueldade no futebol, este lance servirá de exemplo. A partir desse momento, pouco mais há a contar, a não ser a total descrença sportinguista - público e jogadores incluídos - e a força anímica que desapareceu do relvado de Alvalade. Peseiro ainda introduziu Douala e Hugo Viana, mas já era demasiado tarde.
O sonho esfumou-se e do Céu ao Inferno, foi apenas uma distância de 45 minutos. A uma primeira parte muito boa, o Sporting juntou uma segunda parte para esquecer - ou para lembrar -, mostrando neste jogo as duas faces do leão época 2004-05.
O CSKA tem de ser considerado um justo vencedor do troféu, apesar do seu futebol calculista e cínico. Geriu o encontro partindo de uma coesão defensiva e de um contra-ataque simplesmente letal. Como no futebol são os golos que contam e decidem partidas, o CSKA foi mais eficaz e feliz. Mas não faz a felicidade parte do jogo?
Uma última palavra ainda para os adeptos do Sporting, pelo fair-play demonstrado no final, aplaudindo os vencidos e os vencedores. Porque o futebol é, acima de tudo, uma festa.

ATÉ SEMPRE, JOÃO MANUEL 

A notícia que ninguém queria ouvir, principalmente num dia que desejamos que seja de festa para o desporto português. João Manuel, a quem foi diagnosticada Esclerose Mútlipla no decorrer da época futebolística, faleceu esta manhã, como resultado do galopante avanço da doença, que o derrotou no derradeiro jogo da vida dele.
Hoje, pode dizer-se que desapareceu um enorme profissional e um exemplo para todos aqueles que gostam e praticam futebol, e que não merecia a partida que o destino lhe pregou. Que descanses em paz, grande João!

A FINAL DA UEFA 

O Sporting está a poucas horas de colocar o seu nome entre os vencedores da Taça UEFA, mas não vai ser decerto uma tarefa fácil para a equipa de Peseiro. Os leões vão ter de lutar contra os possíveis fantasmas que o jogo de sábado à noite ainda deixou no seio da equipa e vai ter de, sobretudo, lutar contra si mesma. Contra a obrigação de ganhar o jogo em casa, perante adeptos sequiosos de um triunfo numa época que pode ficar irremediavelmente rotulada de fracassada, caso o resultado de hoje não seja favorável. Contra o cansaço de uma época desgastante aliado ao cansaço mental que alguns jogadores também demonstram.
E é claro, não vão jogar sozinhos. Do outro lado da barricada está o CSKA, uma excelente equipa que tem poucos jogos nas pernas, composta de bons jogadores e que este ano já defrontou os outros dois grandes portugueses.
No entanto, o Sporting pode e deve sonhar com os pés assentes na terra porque tem conjunto para se superiorizar aos russos. Assim grande parte dos portugueses o esperam...

terça-feira, maio 17, 2005

OS DESAFIOS DE COUCEIRO 

Surpreendentemente (ou talvez não), o FC Porto tem ainda a possibilidade de reconquistar o título de campeão nacional. Uma época totalmente descontextualizada da história recente do clube, com entradas e saídas de jogadores e treinadores, e erros pouco habituais na rigorosa gestão de Pinto da Costa e seus pares.
José Couceiro chega ao clube numa altura em que Victor Fernandéz estava a criar condições para o seu trabalho, apesar de não ter a massa associativa do seu lado. Em tempos escrevi que a grande falha do espanhol era ser politicamente correcto, o que não vai muito ao encontro do estilo do normal treinador dos dragões. Não parecia também ser Couceiro a incorporar esse modo de estar, pois o seu discurso era igualmente "polite", mas aos poucos tem-no modificado e moldado a um estilo que, concorde-se ou não, se coaduna com aquilo que Direcção e adeptos apreciam. De facto, ao discurso escorreito, Couceiro juntou-lhe a pontinha de polémica necessária para espicaçar internamente e agitar a rivalidade salutar com outros clubes, nomeadamente os que também lutam pelo título. Esse desafio foi ganho.
No campo, a equipa tem tido momentos bons contrastando com outros menos conseguidos, um pouco à imagem do que tem sido a época portista. Mesmo assim, à entrada da última jornada ainda pode sonhar com o deslize do Benfica a algumas centenas de metros do Dragão, em casa do rival Boavista. Não é impossível e tanto José Couceiro como os jogadores sabem disso. É um desafio que pode ajudar e muito no desenvolvimento da sua carreira dentro do FC Porto...ou talvez não.

segunda-feira, maio 16, 2005

LISBOA - MOSCOVO - LISBOA 

Anda animado o trajecto aéreo entre as duas capitais. De um lado voam jogadores para o plantel do Dínamo de Moscovo - e agora até Vitor Pontes pode ser o treinador dos moscovitas; do outro voam jovens raparigas para preencher outros "plantéis". A economia em pleno funcionamento...

BASTA FAZER AS CONTAS... 

Peseiro e Douala deveriam estar mesmo inebriados pelas emoções de sábado à noite: tanto um como outro mostraram um total desconhecimento das consequências do desfecho do encontro. O treinador disse que o título ficava mais complicado; o avançado camaronês só soube no balneário que campeonato estava perdido, porque os colegas lhe disseram.
As palestras da semana que antecedeu o jogo devem ter sido animadas...

ARRIVERDECI BENFICA ? 

Segundo afirmações suas, Trapattoni vai sair do Benfica no final da época, possivelmente com o título de campeão nacional no já recheado curriculum. Para todos os adeptos benfiquistas não será propriamente uma novidade as declarações do italiano ao Gazzetta dello Sport, até porque há muito se fala no regresso de Camacho ao comando técnico das águias.
Curiosa tem sido a relação de Trapattoni com os adeptos: respeitado por todos, mas mal-amado por uma grande parte da massa adepta, muito por força de um futebol pouco atractivo e demasiado conservador. A verdade é que esse mesmo futebol já garantiu a final da Taça de Portugal e um mísero ponto dista o Benfica da conquista do ceptro nacional, ao fim de 11 anos de espera. É fácil esquecer o plantel desequilibrado, as contratações duvidosas de alguns jogadores, as lesões de jogadores importantes em momentos cruciais da época. Mas Trapattoni não desistiu de levar a sua avante, procurando travar euforias e juntar as hostes num objectivo comum: o 1º lugar do campeonato no final das 34 jornadas.
Uma coisa parece certa: Trapattoni está a um pequeno passo de ajudar a "reanimar" a economia portuguesa mas não vai deixar assim tantas saudades nos adeptos benfiquistas...

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